Um ser essencial aos eventos.
A figura do mestre de cerimônias é essencial em todos os tipos de eventos e cerimônias.
Não é exagero dizer que o sucesso ou fracasso de um ato ou cerimônia depende em grande parte da habilidade desse profissional, que alguns erroneamente pensam estar em vias de extinção. Digo esta última há já algum tempo, pois às vezes acontece que a figura do mestre de cerimônias fica escondida do palco, ou seja, nos bastidores e só se ouve a sua voz, de tal forma que se sente que quem está falando é apenas uma voz e não um ser de carne e osso.
Isso é importante porque em muitos dos vários eventos que participei em minha trajetória como mestre de cerimônias pude observar o quanto as pessoas envolvidas com o cerimonial relaxavam ou se sentiam mais seguras quando viam a figura do mestre de cerimônias, mesmo que ele não aparecesse e somente a sua voz fosse ouvida. Isto revela o quanto é importante a presença física desse profissional e que a tendência, se é que existe, de suprimir essa figura e ficar apenas com sua voz, não prosperará, pois a presença humana não pode ser substituída por uma voz impessoal que não se sabe de onde vem, se por detrás das cortinas ou simplesmente por meio de um áudio sem o calor humano de quem fala.
• Resolvido o exposto, e concluindo que a figura do mestre de cerimônias é incontornável, passo a me referir ao ser e ao fazer desse personagem, mas não sem antes dizer que os profissionais de qualidade que alinham boa voz, boa dicção e forma correta de falar, não abundam e que há sim a falta deles no mercado. Alguns que não se colocam ao mesmo nível daqueles que exercem seu labor com excelência cobram inclusive valores irrisórios para que possam abocanhar uma fatia desse mercado, o que se torna notório e coloca em sérios riscos os organizadores de eventos oficiais e acadêmicos, que não encontram para onde se virar, muitas vezes fazem a opção para o lado errado devido à escassez de conhecedores do ofício, com quem se pode contar os dedos de uma mão.
• De início posso dizer então que, para o sucesso dos eventos no Brasil, há uma necessidade da formação de mestres de cerimônias, que conheçam e dominam o ser e o fazer de seu importante papel. Por outro lado torna-se impresciindível que os organizadores reconheçam os bons profissionais e os valorizem.
• Ser um mestre de cerimônias envolve colocar-se na vanguarda de uma cerimônia, conduzi-la do início ao fim, de forma adequada e sóbria. Para isso, é obviamente necessário o conhecimento de cerimonial e protocolo e o domínio das técnicas apropriadas, que vou sugerir sem a intenção de pontificar e que dividirei entre o que o mestre de cerimônias deve fazer e o que não deve fazer.
• O que o mestre de cerimônias deve fazer:
1. Ter o controle absoluto do manuseio manual do microfone, uma vez que ve-lo lutando para ligá-lo, bem como batendo nele para ver se já está ligado ou dizendo alô, alô, som, som, para certificar se você pode ouvi-lo é ruim, ou pelo menos risível.
2. Identificar as autoridades que irão presidir o ato ou cerimônia, compor os lugares de destaques, atuar como palestrantes e anotar seus nomes em cartões de meia-letra, em estrita ordem hierárquica, deixando um bom espaço entre nomes e cargos, para que possam alterar o nome da autoridade que não está presente e escrever à mão o nome do seu representante, que você não poderá conhecer até minutos antes do início do evento.
3. A ordem hierárquica na apresentação das autoridades é vital e tem a ver com a sobrevivência funcional do mestre de cerimônias, pois se alguém recebe o nome de uma autoridade que deve ser anunciada antes de outra, isso certamente levará o mestre de cerimônias a ser defenestrado, principalmente se for evento político. Pior ainda se for omitido pela pressa da apresentação de alguém, o que neste caso a atenção do mestre de cerimônias deverá ser redobrada, pois se ocorre um erro neste caso o evento poderá ir por água abaixo.
4. O mestre de cerimônias deve ser breve e sóbrio. Por esta razão, ele deve apresentar o ato de forma bastante objetiva. Neste caso dar uma assessoria para a organização do evento ou de quem elabora o roteiro fará com que a fluidez ocorra em prol do tempo e do conforto de quem organiza, participa ou simplesmente assiste ao evento e estará, antes de tudo, demonstrando organização e leveza da programação e seu conteúdo.
5. O mestre de cerimônias deve ter agilidade mental suficiente para assimilar as mudanças ou variações do programa, que quase sempre ocorrem, bem como saber a quem ouvir nessas mudanças, porque às vezes há vários que querem fazer sentir sua autoridade e transmitir mensagens confusas e contraditórias.
O que o mestre de cerimônias não deve fazer:
1. O mestre de cerimônias não deve buscar seu brilho pessoal, mas sim o brilho da cerimônia, nisso reside sua função e tarefa, bem como sua maior satisfação.
2. O mestre de cerimônias não deve sair pedindo aplausos para quem participa dos números do programa, pois é de mau gosto, além de que tal atitude pode parecer chocante para o público. Os aplausos devem ser espontâneos e fluirão assim, se o mestre de cerimônias souber provocá-los com o manejo adequado de sua voz.
3. O mestre de cerimônias não deve ser prolixo e bajulador, bem como fazer piadas às autoridades, principalmente quando exageradamente elogia aqueles que presidem o ato ou cerimônia, bem como participam de uma mesa diretiva fazendo menções a suas qualidades, bem como daqueles que estão no ambiente. Há pouco tempo, presenciei um mestre de cerimônias que, durante o ato, se dedicou a elogiar a beleza de uma autoridade, num nítido esforço de chamar a atenção para si e para a própria, talvez visando descontrair o ambiente, mas o que causou foi um constrangimento pessoal a quem se dirigiu.
4. O mestre de cerimônias não deve errar no nome ou apelido de quem preside o ato ou cerimônia. Tais erros estão entre os mais comuns, os mais fáceis de serem percebidos pelo público e os que podem gerar ressentimento por parte do dono do nome e sobrenome. Esses erros serão evitados confirmando com antecedência a pronúncia correta do nome e até mesmo escrevendo a maneira como deve pronunciar nos cartões tais nomes.
5. Por fim, o mestre de cerimônias não deve falar na primeira pessoa, muito menos adotar uma atitude como se fosse o organizador do ato.
Quem pode ser o Mestre de Cerimônias
Em determinadas ocasiões a empresa ou órgão responsável por um evento não contrata um profissional para atuar como mestre de cerimônias, neste caso, dependendo do tipo de evento, pode ser um diretor ou um funcionário que ficará responsável pela apresentação das conferências, podendo também atuar como moderador nos debates após as apresentações. Sua função será conduzir a cerimônia e colocar os participantes em contato com o público.
Ele tem a grande responsabilidade de conduzir o evento, seja ele qual for: acadêmico, sessões solenes, discursos, conferências, etc. Além disso, é ele quem informa sobre os diferentes programas, que são apresentados em uma cerimônia. Recomenda-se que a instituição tenha pelo menos duas pessoas que possam cumprir essas funções com responsabilidade.
É necessário que a pessoa que vai cumprir esta função tenha as seguintes características:
– Domínio cênico.
– Excelente manuseio da voz.
– Leitura impecável.
– Boa imagem pessoal.
– Elevado nível acadêmico e de formação.
Os mestres de cerimônias para tais tipos de eventos geralmente são membros da empresa ou organização que eventualmente são convocados para assumir tal papel. Estas são o resultado de um processo de formação muito particular, pois vão se forjando à medida que vão avançando, de modo que a experiência de realizar participações deste tipo lhes permite adquirir experiência e cumprir cuidadosamente esta função. Quando não se dispõe de mestres de cerimônias (internos), a contratação “ad-hoc” poderá ser feita no âmbito do múltiplo leque de comunicadores sociais que oferecem os seus serviços profissionais nesta área.
O Mestre de Cerimônias deve ordenar o programa com calma e coordenar previamente com os organizadores, atentando sempre para as seguintes tarefas que são imprescindíveis para o bom desenvolvimento da função:
Verificar com antecedência se o áudio funciona corretamente;
Conferir o roteiro antes do início do evento e destacar as frases ou palavras que mereçam mais atenção ou prununciação correta, no caso de estarem em outro idioma;
Treinar a pronuncia correta dos nomes das autoridades que deverá apresentar;
Cuidar de sua aparência pessoal;
Receber o orador e ceder o seu lugar no pódio ou no púlpito;
Estabelecer a ordem de precedência, para a apresentação das autoridades e composição de mesa de honra;
Ter uma ordem dos pontos que farão parte do programa;
Estar atento ao desenvolvimento do evento;
Não sair do palco enquanto o participante não estiver presente e recebe-lo com cortesia e cordialidade;
Manter sempre um sorriso discreto;
Possuir imaginação, senso de improvisação e, se necessário, humor;
Verificar antes do início dos trabalhos a presença de todos os participantes e em caso de ausência, coordenar a sua substituição com os organizadores.